Medo

O medo é um combustível barato, distribui-se em doses maciças nos noticiários e debates na TV, absorve-se sem filtro, e transborda de manhã nos debates na rádio e a toda a hora nos comentários online.
É um investimento com retorno garantido.
Flui dentro das empresas, cola-se à pele e entra nas veias, e acaba por sobrar para a intimidade das casas, por encharcar as nossas vidas e nos tolher os movimentos, fétido nos seus efeitos mas aparentemente inodoro por se esconder debaixo dos tapetes.
Triste, muito triste o país que se move a medo.
Haja uma chama capaz de o acender, afinal é um combustível

o vómito

Quando os filhos da puta têm dois dedos de testa e informação e cultura q.b., tornam-se regra geral uns pivetes arrogantes, e fogem do “mainstream” como diabo da cruz – cai-lhes bem no seu meio. Exercício que para gente de bem pode até ser saudável, mas na boca deles é um nojo garantido.

Gente cabeluda, com ar de quem não toma banho todos os dias e que compra a roupa na feira, deve para eles ser objecto de medidas higiénicas, não vá o seu mundo ser conspurcado pelo mau gosto. O mérito do que esse povo a cheirar a cavalo possa estar a fezer pouco importa, não existe porque se passa num mundo onde os iluminados nada têm a argumentar, cuja eventual proximidade os amedronta.

Não venho esgrimir argumentos entre os ocupantes e a Câmara, sobre isso haveria muito a dizer. Apenas a constatar a miséria humana das elites sábias no seu sarcasmo de merda.

Alemanha? Sim, também tomou algumas medidas higiénicas. Todos nos lembramos.

Ora bolas

Nunca fui entusiasta militante da causa do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Digamos que, se fosse referendada a questão, eu votaria a favor; mas em muitas ocasiões me incomodou o ruído histérico em torno do assunto de ambos os lados, a conversa de surdos, a recusa de ouvir argumentos, porque os há sérios a defender as duas posições (e também pouco sérios, claro).

Agora, a possibilidade de adopção por casais, sejam eles hetero ou homo, casados ou não, é outra coisa. É muito triste que numa questão que envolve a felicidade de crianças, ela seja posta em plano secundário por preconceitos idiotas. A adopção é sempre melhor que uma instituição.

Esta sim, era uma questão urgente e fundamental.